Como você imagina o ano de 2070? O paraíso da distribuição de renda? Ou o domínio total das grandes empresas capitalistas? Carros voadores, robôs, inteligência artificial? A ideia que temos de futuro não costuma se distanciar muito dessa visão dominada pela tecnologia. O que a gente se esquece é que nós já estamos em 2020. Nós somos o futuro imaginado por alguém há 20, 30, 40 anos. E a expectativa também era de carros voadores, robôs, inteligência artificial. Isso aconteceu?
A resposta é mais ou menos. Algumas expectativas foram correspondidas, outras não. Quando o filme “De volta para o futuro” fez 30 anos, foram inúmeros os posts que discorriam sobre quais previsões foram certas e quais não foram. Mas o que me interessa não é isso. Isso já tem demais na rede.
O que me interessa é como todo mundo no futuro parece meio bobo.
Os óculos de realidade virtual, antes artigos de ficção científica, depois artigos de luxo e agora acessíveis a qualquer criança com condições de comprar um PS4 são uma tecnologia que certamente assombraria tremendamente nossos antepassados. Mas ver alguém jogando Playstation enquanto usa os tais óculos é uma experiência interessantíssima. Talvez mais ainda do que propriamente usar os óculos. A pessoa simplesmente parece boba, meio idiota. Pra quem vê de fora, o jogador está simplesmente falando sozinho, enquanto olha ao redor, onde o observador externo não consegue ver nada de mais, nada que pudesse chamar a atenção ou causar tamanho alvoroço.
Me parece que se um viajante do tempo pudesse observar uma criança de 10 anos utilizando seus óculos de RV primeiramente, claro, ele ficaria espantado com a tecnologia. Depois, ele não poderia deixar de achar a situação meio cômica.
Outra coisa que me surpreende sempre são as redes sociais. Assunto meio batido, eu sei. Mas não deixa de ser interessante o fato de uma tecnologia tão revolucionária ser utilizada pra tanta bobeira. Dizendo melhor, ser utilizada quase que exclusivamente pra bobeira. Para serem travadas discussões intensas, dramáticas, revolucionárias, sobre quem deve ser eliminado no próximo paredão do BBB (programa que, inspirado em um clássico revolucionário da literatura, também se transformou em bobeira).
Isso nos leva a uma importante reflexão: seria o destino do Homo sapiens comum ficar cada vez mais bobo? Ou sempre foi assim, e só agora a gente tá começando a reparar? É normal que em uma época com cada vez mais informação as pessoas dediquem cada vez mais tempo a discutir coisas nem tão relevantes e com argumentos infundados? A resposta eu não quero saber, isso fica a cargo do leitor.
O que eu acho é que, olhando com bons olhos, pelo menos o mundo está ficando mais engraçado. Isso, é claro, se você desconsiderar a ascensão do neofascismo, a desigualdade social, a fome, a desinformação...
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